O cinema é uma das formas de entretenimento mais consumidas em todo o mundo, levando milhares de pessoas para suas salas todos os anos. Porém, boa parte dessas pessoas não sabem como tudo começou, não se interessando muito pela história do cinema e por outras curiosidades sobre o local.
Por exemplo, pouquíssima gente sabe que o primeiro filme lançado no cinema foi uma produção francesa, que não conta com mais do que alguns segundos de duração. Esse marco, por mais que pareça pequeno, foi extremamente importante para que o cinema se tornasse o que é hoje, tornando-se em uma poderosa arma cultural. Confira mais um pouco sobre a história do primeiro filme já lançado.
Conheça o primeiro filme a ser exibido no cinema
O primeiro filme a ser lançado no cinema foi muito diferente do que as pessoas estão acostumadas a verem atualmente. Tratava-se da obra La Sortie de l’usine Lumière à Lyon, produção francesa, que não conta nem com 50 segundos de duração, mas que revolucionou o mundo após lançada.
A obra foi feita pelos irmãos Lumière e, em tradução livre, significa algo como “empregados deixando a Fábrica Lumière”. Auguste e Louis, responsáveis pela criação, sequer continuaram a carreira no meio, porém, é inegável que eles provaram que seria possível transmitir obras dessa maneira.
Após o seu lançamento, várias pessoas pensaram em fazer o mesmo, porém, na época, não era possível contar com a facilidade em encontrar aparelhos do tipo como atualmente. A obra, lançada em 1895, serviu de inspiração para diversos outros marcos que seriam importantes para a história do cinema.
Primeiro filme em português veio um ano depois
Inspirado na obra dos irmãos Lumière, Aurélio Paz dos Reis, o primeiro cineasta português, resolveu fazer uma réplica com os mesmos procedimentos em seu país. Com o lançamento da obra Saída do Pessoal Operário da Fábrica Confiança, deu o pontapé inicial do cinema em Portugal.
Foi o primeiro filme produzido em língua portuguesa na história, e, apesar de contar com uma linguagem bem diferente do que a que estamos acostumados a falar hoje, também é inegável o seu valor para o desenvolvimento do cinema também no Brasil, onde se fala o mesmo idioma.
Capturar imagens em movimento era o grande desafio
O ser humano, durante anos, tentou capturar imagens em movimento, fazendo o que conhecemos hoje como vídeos. No entanto, a tecnologia não era tão avançada quanto é hoje. Para tirar uma simples foto já era necessário um esforço enorme, imagine gravar algo!
Porém, a fotografia foi evoluindo cada vez mais e, por isso, as filmagens ficaram cada vez mais próximas de serem conquistadas. Durante esse período, diversos aparelhos foram criados com esse intuito, apesar de nenhum deles ser parecido com o que temos nos dias de hoje.
Os dispositivos, apesar de serem rústicos, cumpriam com sua missão, por mais que as produções fossem bem primárias. Confira alguns dos equipamentos que eram utilizados antes da criação oficial do cinema:
- Lanterna Mágica: ilustrações eram colocadas sobre uma lente e uma luz era utilizada para projetar o desenho em uma superfície plana. Um narrador contava as histórias enquanto isso;
- Praxinoscópio: várias imagens eram colocadas em um aparelho circular e conforme ele fosse rodando, passava-se a impressão de que as imagens estavam em movimento;
- Cinetoscópio: o cinetoscópio conseguiu transmitir filmes, o grande problema é que só uma pessoa podia assistir, e as obras tinham que ser de curta duração;
- Cinematógrafo: invenção dos irmãos Lumière, o cinematógrafo conseguia filmar as coisas de maneira parecida com as de câmeras profissionais atuais. Tornou-se essencial para o desenvolvimento do cinema.
Cinema narrativo só começou em 1896
O cinema desenvolvido pelos irmãos Lumière não era parecido com o atual pela simples diferença de que, antes, o cinema era utilizado apenas para documentar ações, ou fazer teste com filmagens. Nada era feito com o intuito de se contar histórias, como nós estamos acostumados.
Antes, o máximo que se chegava perto disso era através do que chamavam de “teatro filmado”, onde filmavam algum acontecimento para exibirem depois. No entanto, nada era feito exclusivamente para o cinema, com o intuito de ser exibido no cinema, como as produções de filmes de heróis, por exemplo.
Porém, essa situação mudou em 1896, um ano após o lançamento do primeiro filme. Alice Guy-Blache e Georges Méliès não trabalharam juntos, porém, tornaram-se dois dos grandes responsáveis pela evolução do cinema para a forma que conhecemos hoje, sendo os primeiros a contarem histórias através dos filmes.
Alice mudou os rumos do cinema para sempre
Alice Guy-Blaché mudou o rumo do cinema para sempre. A francesa foi a autora de mais de mil obras, e foi uma das grandes responsáveis por introduzir a narração de histórias no cinema. Em 1896, resolveu produzir o filme A fada dos repolhos, conto popular que era famoso na época de seu lançamento.
Alice trabalhava em uma produtora de cinema e viu os irmãos Lumière apresentarem sua invenção para o mundo. Encantada, resolveu que queria viver daquilo, e resolveu fazer alguns ajustes para conseguir os efeitos que desejava. Acelerava filmagens, atrasava, tudo em prol de conseguir transmitir a mensagem da forma que queria.
A francesa foi a primeira pessoa a conseguir utilizar imagens coloridas e emitir sons em uma sala de cinema, sendo a grande pioneira nesse meio. Apenas cerca de 350 de suas obras sobreviveram ao tempo, porém, sua influência dentro da história do cinema mundial jamais poderá ser apagada.
A Vida de Cristo foi um marco na história
Alice foi a grande responsável pela filmagem de A Vida de Cristo, um dos primeiros filmes a unir uma grande quantidade de figurantes na história. Cerca de 300 pessoas participaram das filmagens, número alto até para os dias atuais, imagine para a época em que foi lançada.
O filme, lançado em 1906, serviu de inspiração para diversos outras produções de sucesso no cinema. Alice morreu em 1968, sem ter qualquer valor destacado na história, porém, mais recentemente, os historiadores reconheceram que ela foi uma das grandes responsáveis pelos avanços cinematográficos mundiais.
Georges Méliès, o pai dos efeitos especiais, inovou com Viagem à Lua
Georges Méliès foi outro grande responsável por transformar o cinema no que conhecemos atualmente. Foi ele o diretor de Viagem à Lua, filme que, se você é fã de cinema, com certeza já viu alguma imagem perdida por aí. A estética criada por Georges é replicada aos montes até os dias de hoje.
Georges assistiu à exibição dos irmãos Lumière para apresentar o cinematógrafo, e quis comprar a invenção deles. No entanto, não conseguiu efetuar a compra, o que não o impediu de seguir seus objetivos. Comprou um aparelho semelhante, começou a escrever e a produzir o que seriam seus filmes no futuro.
Em 1902 lançou Viagem à Lua, seu filme de maior sucesso, e responsável por revolucionar o cinema. Os efeitos que ele criou na obra, inimagináveis para a época, fizeram com que ele ganhasse a alcunha de pai dos efeitos especiais, posto que ele ostenta até hoje. Tão importante quanto Alice para o cinema.
Primeira exibição no Brasil aconteceu em 1896
No Brasil, a novidade não demorou a chegar. Em 1896, tivemos a primeira exibição de filmes em território nacional, no Rio de Janeiro. Aconteceu graças aos esforços de Henri Paillie, belga, que morava na então capital do país. Aconteceu em uma sala alugada, na Rua do Ouvidor, onde 8 produções foram projetadas.
Apenas a elite pôde assistir às exibições, que não mostravam mais do que algumas cenas do cotidiano europeu. Os ingressos, extremamente caros para a época, impediram que populares pudessem assistir. No entanto, a novidade fez com que, já no ano seguinte, uma sala de cinema fosse montada na cidade.
Logo as pessoas queriam começar a produzir filmes em território nacional, e, entre 1897 e 1898, os primeiros filmes brasileiros começaram a ser rodados. Assim como no caso da Europa, eram apenas situações normais sendo filmadas. Confira alguns dos títulos:
- Ancoradouro de Pescadores na Baía de Guanabara;
- Uma artista trabalhando no trapézio do Politeama;
- Chegada do trem em Petrópolis;
- Bailado de Crianças no Colégio, no Andaraí.
Outras artes não evoluiriam sem o cinema
Outras artes acabariam não evoluindo sem o cinema, pois só encontraram novos ares para atuar nas telonas. A fotografia, por exemplo, ficaria estagnada em imagens paradas, não sendo preciso mais do que isso como avanço. A música não abordaria o campo das trilhas sonoras, responsável por criar algumas das grandes canções da história, por exemplo.
No entanto, também é importante destacar que, sem outras manifestações artísticas, seria impossível que o cinema se desenvolvesse da maneira como fez. Logo, a arte sempre está dependendo de outros campos artísticos para evoluir. Para nossa sorte, esse terreno é sempre próspero, e podemos aproveitar sempre o que existe de melhor da mente humana neste aspecto.
