Provavelmente você já assistiu aos desenhos ou filmes dos contos de fadas da Disney. Caso não tenha, pelo menos pode ter ouvido falar em algum momento. Inclusive, a Disney é uma das maiores responsáveis em fazer as crianças acreditarem no amor e nos príncipes encantados. De tempos em tempos, suas histórias viram filmes, musicais e novas versões de desenhos.
Entretanto, os contos cor de rosa que aparecem para as crianças há décadas não são originais. Na verdade, existem relatos macabros por trás da história dos personagens que são completamente diferentes do que mostram na televisão. Veja quais são as histórias encantadas das Disney que possuem um lado sombrio.
Cinderela
A Cinderela é uma das princesas mais famosas da Disney, que adaptou o conto para animação e posteriormente para o live action dos cinemas. A versão adaptada é bem diferente da princesa loira que conhecemos. A publicação original foi narrada com a Cinderela tendo o nome de Ye Xian, 800 anos a.C. Posteriormente, veio a versão dos irmãos Grimm.
Com base na imaginação dos povos chineses, Cinderela ou Ye Xian é líder de uma tribo. A moça é abusada sexualmente pelo pai e, para fugir daquele terror, faz amizade com um peixe. Esse peixe é a reencarnação de sua falecida mãe. A madrasta má mata o peixe, mas Ye Xian guarda os ossos do animal e descobre que são mágicos. O peixe que a ajuda a se preparar para o baile.
Na história contada pelos irmãos Grimm, o sapatinho da Cinderela era feito de ouro. Inclusive, as donzelas tentaram experimentar o sapato porém cortaram os dedos do pé e o calcanhar. Já no dia do casamento da moça com o príncipe, duas pombas furaram os olhos das irmãs malvadas. Em outras versões, a madrasta joga uma das filhas na fogueira e Cinderela a mulher do pai.
João e Maria
João e Maria têm a história mais assustadora dos contos originais. Em 1812, o conto foi publicado pela primeira vez, escrito pelos irmãos Grimm. A versão original narra que os irmãos João e Maria foram abandonados pela madrasta e pelo pai, pois eles não tinham condições para sustentá-los. Na tentativa de voltar para casa, os meninos são capturados por uma bruxa.
A mulher queria assar os irmãos no forno, depois deles terem comido sua casa feita de doce. No entanto, as crianças fugiram da mulher e a atiraram no forno. Assim, João e Maria conseguem encontrar o pai e levam para casa o dinheiro que acharam na casa da mulher. Alguns dizem que essa ainda não é a história original, mas sim o conto “As Crianças Perdidas”.
Essa história se passa na Idade Média e o nome das crianças são Jean e Jeanette. No conto, os irmãos também são deixados na floresta. Porém, encontram uma mulher comum que é casada com um homem que na verdade é um demônio. O ser maligno sente o cheiro dos meninos e os prende para comê-los, mas no final de tudo eles conseguem fugir e encontrar os pais.
A Bela Adormecida
A primeira versão de A Bela Adormecida foi ao público entre o século 14 e 16. Enquanto nas adaptações da Disney o príncipe acorda a princesa com um beijo, nos contos originais o príncipe “nada encantado” abusa sexualmente da moça quando ela estava dormindo. Para piorar, a princesa tem dois filhos com o rapaz, mesmo estando desacordada.
O feitiço não é quebrado com o beijo do amado, mas sim com a mordida de um dos filhos durante a amamentação. A mãe do príncipe descobre toda a situação e tenta matar a princesa, bem como tenta comer a jovem e os filhos. Arrepiante, não é mesmo? Já no século 17, surgiu uma versão italiana de Giambasttista Basile chamada O Sol, a Lua e a Tália.
Tália era o nome da Bela, que tinha dois filhos: Sol e Lua. A jovem adormece depois de espetar o dedo e só consegue despertar depois do Sol tirar a farpa. A história contada pelos irmãos Grimm é a mais conhecida, a qual retrata que a princesa fica 100 anos sem dormir depois de furar o dedo em um objeto pontiagudo. Finalmente, ela acorda com o beijo do príncipe encantado.
A Pequena Sereia
Em uma história diferente, Hans Christian Andersen, escritor do conto original de A Pequena Sereia, relata a vida de Ariel. Ariel é uma jovem sereia que se apaixona por um príncipe e faz um pacto com uma bruxa para ter pernas. Assim, ela poderia encantar o jovem com sua voz e seduzi-lo com o corpo de humano. No entanto, o acordo não deu certo.
Depois de passar muitos meses, a sereia dá diversas investidas no príncipe. Sem resultado, o jovem acaba se casando com outra mulher. Revoltada com a situação, a linda Pequena Sereia tenta matar o próprio amado, porém desiste do plano. Com o sofrimento, Ariel se atira no mar e se transforma em uma espuma. Fez algum sentido para você?
Uma curiosidade que provavelmente muita gente não sabe é que Hans Christian escreveu esse conto inspirado no seu amor platônico por outro homem. O escritor elaborou a história da Pequena Sereia baseado na sua tentativa, sem êxito, de conquistar Edvard Collin, um homem heterossexual. Edvard se casou com uma mulher, partindo o coração de Hans.
Rapunzel
A história original da Rapunzel lembra vagamente o conto da princesa da Disney. Na versão dos irmãos Grimm, a mocinha é refém da bruxa em uma torre muito alta. Entretanto, ao virar adolescente, Rapunzel passa a receber a visita de um vizinho, que coincidentemente é o príncipe.
Com o passar de um determinado período, a jovem nota que suas roupas estão apertadas. Um pouco mais de tempo depois, Rapunzel tem filhos gêmeos. Todavia, o príncipe acaba se perdendo na floresta e fica cego sem poder ajudar a amada. Por isso, a jovem dá à luz aos gêmeos sozinha.
Uma outra versão, uma jovem era filha de um pai possessivo que a tranca em uma torre. A moça era cristã, enquanto seu pai adorava os deuses pagãos. Ao fugir da torre, ela destruiu todas as imagens desses deuses. Quando seu pai chegou de viagem e se deparou com a cena, arrastou Rapunzel pelos cabelos e a deixou ser apedrejada por praticar uma religião proibida.
Branca de Neve
O conto original de Branca de Neve não foi considerado uma história para crianças. Ao lançar a animação, em 1937, a Disney fez uma série de adaptações para que o desenho fosse ao ar. Na adaptação com o caçador, a rainha má pede para que ele mate a jovem na floresta. Entretanto, na versão original, Branca de Neve é uma criança.
Além disso, a rainha pede para que o caçador tire os pulmões e fígados de Branca de Neve. O caçador deveria retornar com os órgãos, para provar que de fato a criança estava morta. Inconformado com o pedido, o caçador finge que mata Branca de Neve e corta um javali. Para enganar a rainha, ele leva as tripas do animal.
A estratégia funcionou perfeitamente, já que a madrasta malvada pegou os supostos órgãos da menina para comer. Depois de tentar matar Branca de Neve várias vezes, os anões encontram a mocinha em uma dessas tentativas. Para vingar a menina, os anões fazem a rainha calçar sapatos de ferro em brasa fazendo-a dançar até morrer. Qual versão do conto você prefere?
A Bela e a Fera
Já a história de A Bela e a Fera foi inspirada na vida de Pedro Gonzáles, um espanhol que nasceu no século XVI. O homem sofria com a “síndrome do lobisomem”, que era um fator genético que estimulava o crescimento de pelos sobre todo o corpo. Com essa aparência, a sociedade passou a tratá-lo como animal. Essa seria a versão original do conto.
Assim, deu início ao conto escrito por Gabrielle-Suzanne Barbot. Posteriormente, Jeanne-Marie LePrince de Beaumont adaptou a história, mostrando a Fera como uma criança órfã criada por uma fada má que tentou seduzi-lo ainda quando pequeno. Depois da Fera ter recursado, a dada decidiu transformá-lo em um animal, uma besta.
No conto adaptado pela Disney, Bela é filha de um comerciante, certo? Na história de Gabrielle, a jovem é filha de um príncipe. Para tentar proteger o seu pai, a moça finge ser a filha morta de um mercador tendo em vista que a fada má passa a perseguir o rei a fim de matá-lo. Na história contada por Gabrielle, a princesa tem duas irmãs más que tentam matá-la no decorrer do conto.
Pinóquio
Por fim, temos Pinóquio que nos contos da Disney já começa a história sendo um menino mau. Afinal, ele passa a mentir diversas vezes durante o conto fazendo com que o seu nariz cresça. Na história original, escrita por Carlo Collodi, o garoto é ainda mais manipulador e mente com mais frequência para o seu criador, Gepeto.
Quando o grilo falante tenta advertir Pinóquio sobre os péssimos hábitos, o boneco se irrita e mata o próprio amigo a pauladas na cabeça. Ainda, no decorrer da trama o personagem fala com mortos e foge de dois perseguidores que tentam enforcá-lo. Na verdade, Gepeto não é engolido por uma baleia como na versão da Disney, mas sim por um tubarão.
